quarta-feira, 27 de julho de 2011

Socióloga Emite Relatório Sobre o Brigada em Cena

O Grupo Teatral Brigada em Cena recebeu o texto abaixo da Socióloga Sélia Heck de Cândido Godoy, o qual foi remetido por ela à Caixa Federal - GIDUR/Passo Fundo, na forma de relatório sobre a Peça: “Em Briga de Marido e Mulher, se der Penha, a Brigada Mete a Colher”. O texto foi publicado no Jornal “A Gazeta do Povo” de circulação regional.

No dia 13 de julho de 2011, as famílias beneficiárias de três projetos habitacionais rurais do município de Cândido Godói, tiveram o privilégio de assistir a peça teatral “Em Briga de Marido e Mulher, se der Penha, a Brigada Mete a Colher”, do Grupo “Brigada em Cena”, de Santa Rosa.
Todos os atores são profissionais ativos da Brigada Militar (tenentes, sargentos, soldados) e trouxeram ao palco o drama silencioso das muitas “Marias” que tem as suas vidas marcadas pela violência doméstica.
O enredo é baseado na Lei Maria da Penha e retrata de forma comovente o sofrimento de uma dona de casa, mulher e mãe, cuja rotina se transformou numa sucessão de episódios de ameaças, humilhações e agressões físicas e psicológicas infligidas por seu marido, que a cada dia fica mais intolerante e violento.
A primeira cena é impactante. Maria, sozinha no palco, desnuda sua alma ao público, revelando toda a desesperança e decepção para com o homem que um dia prometeu honrá-la e amá-la por toda vida. A mesma mão que lhe fazia carinho é a que hoje a agride. E Maria clama por respeito!
 A convivência conflituosa familiar ultrapassa os limites domésticos e cria novos desdobramentos na escola, onde a filha do casal passa a apresentar problemas de aprendizagem, baixa auto-estima e um comportamento rebelde. Tal situação leva a direção da escola a convocar uma reunião com os pais, mas é só a mãe que comparece.
É ali, no ambiente escolar, entre pessoas que oferecem apoio concreto, que Maria deixa de resistir e fala do drama de sua vida. A professora e diretora aconselham Maria para que reaja e denuncie o agressor. E para encorajá-la convidam-na a participar de uma palestra sobre a Lei Maria da Penha.
O drama de Maria é representado no palco pelos respectivos personagens com um realismo que choca, machuca e revolta, uma vez que se trata de um problema universal, que atinge milhares de pessoas e que, na maioria dos casos, ainda é mantido em silêncio por vergonha, culpa e medo.
O ápice da peça acontece na cena em que o marido chega em casa, bêbado, cheio de machismo, e inicia mais uma sessão de violentas agressões. Maria implora para que ele se acalme, temendo que os gritos e o barulho acorde a filha que está dormindo. Em vão!
O agressor se torna ainda mais violento e enquanto a briga se desloca para outro ambiente, a filha surge no palco, toda encolhida, de pijamas e abraçada a um urso de pelúcia. Senta-se no sofá da sala, tapa os ouvidos para não ouvir os gritos do pai e as súplicas da mãe que mais uma vez é agredida. Chora a dor da dupla violência e da impotência.
Depois, mãe e filha se abraçam, choram juntas e tentam se consolar, mutuamente. Nesse momento, quando percebe que a convivência doentia com o marido agressor está destruindo não apenas a sua vida, mas também a da filha, Maria toma a difícil decisão de procurar ajuda. E começa, participando da palestra sobre a lei Maria da penha, que ocorre durante a apresentação da peça.  
“Em Briga de Marido e Mulher, se der Penha, a Brigada Mete a Colher” é um espetáculo surpreendente, realista, que apresenta a dramaticidade da violência doméstica e indica caminhos legais para acabar com esse tipo de sofrimento.
Nota 10 para o Grupo Brigada em Cena, que apresentou a peça de forma voluntária, e também para a Professora de Teatro, Rojane Fuchs da Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de Santa Rosa que acompanha o Grupo.  

Sélia Heck – Socióloga – DRT/RS n.º 912

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