O Grupo Teatral Brigada em Cena recebeu o texto abaixo da Socióloga Sélia Heck de Cândido Godoy, o qual foi remetido por ela à Caixa Federal - GIDUR/Passo Fundo, na forma de relatório sobre a Peça: “Em Briga de Marido e Mulher, se der Penha, a Brigada Mete a Colher”. O texto foi publicado no Jornal “A Gazeta do Povo” de circulação regional.

Todos os atores são profissionais ativos da Brigada Militar (tenentes, sargentos, soldados) e trouxeram ao palco o drama silencioso das muitas “Marias” que tem as suas vidas marcadas pela violência doméstica.
O enredo é baseado na Lei Maria da Penha e retrata de forma comovente o sofrimento de uma dona de casa, mulher e mãe, cuja rotina se transformou numa sucessão de episódios de ameaças, humilhações e agressões físicas e psicológicas infligidas por seu marido, que a cada dia fica mais intolerante e violento.
A primeira cena é impactante. Maria, sozinha no palco, desnuda sua alma ao público, revelando toda a desesperança e decepção para com o homem que um dia prometeu honrá-la e amá-la por toda vida. A mesma mão que lhe fazia carinho é a que hoje a agride. E Maria clama por respeito!
A convivência conflituosa familiar ultrapassa os limites domésticos e cria novos desdobramentos na escola, onde a filha do casal passa a apresentar problemas de aprendizagem, baixa auto-estima e um comportamento rebelde. Tal situação leva a direção da escola a convocar uma reunião com os pais, mas é só a mãe que comparece.
É ali, no ambiente escolar, entre pessoas que oferecem apoio concreto, que Maria deixa de resistir e fala do drama de sua vida. A professora e diretora aconselham Maria para que reaja e denuncie o agressor. E para encorajá-la convidam-na a participar de uma palestra sobre a Lei Maria da Penha.
O drama de Maria é representado no palco pelos respectivos personagens com um realismo que choca, machuca e revolta, uma vez que se trata de um problema universal, que atinge milhares de pessoas e que, na maioria dos casos, ainda é mantido em silêncio por vergonha, culpa e medo.
O ápice da peça acontece na cena em que o marido chega em casa, bêbado, cheio de machismo, e inicia mais uma sessão de violentas agressões. Maria implora para que ele se acalme, temendo que os gritos e o barulho acorde a filha que está dormindo. Em vão!
O agressor se torna ainda mais violento e enquanto a briga se desloca para outro ambiente, a filha surge no palco, toda encolhida, de pijamas e abraçada a um urso de pelúcia. Senta-se no sofá da sala, tapa os ouvidos para não ouvir os gritos do pai e as súplicas da mãe que mais uma vez é agredida. Chora a dor da dupla violência e da impotência.

“Em Briga de Marido e Mulher, se der Penha, a Brigada Mete a Colher” é um espetáculo surpreendente, realista, que apresenta a dramaticidade da violência doméstica e indica caminhos legais para acabar com esse tipo de sofrimento.
Nota 10 para o Grupo Brigada em Cena, que apresentou a peça de forma voluntária, e também para a Professora de Teatro, Rojane Fuchs da Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de Santa Rosa que acompanha o Grupo.
Sélia Heck – Socióloga – DRT/RS n.º 912
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